quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Achava que eu era a única.

"Então fique sozinha, Liz. Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não realizados.
       Vejo isso mais como uma espécie de apólice de vida emergencial do que qualquer outra coisa. Comecei cedo na vida a correr atrás do prazer sexual e romântico. Mal tive uma adolescencia antes de arrumar meu primeiro namorado, e sempre tive um menino ou um homem (ou, algumas vezes, os dois) na minha vida desde os meus 15 anos. Ou seja, durante quase duas décadas, estive envolvida com algum tipo de cara. Cada qual se sobrepondo ao seguinte, sem sequer uma semana de intervalo entre os dois. E não posso evitar pensar que isso representou uma espécie de entrave no meu caminho rumo à maturidade.
      Além disso, tenho problemas de limites com os homens. Ou talvez não seja justo dizer isso. Para ter problemas com limites, é preciso ter limites, certo? Mas eu sou inteiramente tragada pela pessoa que amo. Sou como uma membrana permeável. Se eu amo você, eu lhe dou tudo que tenho. Dou-lhe o meu tempo, a minha dedicação, a minha bunda, o meu dinheiro, a minha família, o meu cachorro, o tempo do meu cachorro, o dinheiro do meu cachorro - tudo. Se eu amo voce, carregarei para voce toda a sua dor, assumirei por voce todas as suas dívidas (em todos os sentidos da palavra), protegerei voce da sua propria insegurança, projetarei em voce todo tipo de qualidade que voce nunca cultivou em si mesmo e comprarei presentes de natal para a família inteira. Eu lhe sarei o sol e a chuva e, se nao estiverem disponíveis, dar-lhe-ei um vale de sol e um vale de chuva. Darei a voce tudo isso e mais, até ficar tão exausta e debilitada que a única maneira que terei de recuperar minha energia será apaixonar por outra pessoa.
     Não é com orgulho que revelo esses fatos sobre mim mesma, mas é assim que sempre foi."

Elizabeth Gilbert 
   

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